Desafios do mercado do vinho no Brasil
Rodrigo Lanari começou a sua carreira no vinho como gerente de produto em uma grande importadora de vinhos, onde cuidou de marcas líderes de mercado. Foi o primeiro brasileiro a receber o diploma Wine MBA pela Bordeaux Management School (Kedge Business School).
Atualmente, Rodrigo está à frente de sua empresa, a Winext, onde direciona sua larga experiência de mercado para novos desafios, buscando melhorias no segmento do vinho por meio de estratégias inovadoras. Lanari, que mantém aqui no Wine Not uma coluna sobre novidades do mercado do vinho, o Around the Glass, respondeu nossas Três Perguntas.
1) A quantas anda o mercado de vinhos no Brasil? Houve alguma mudança significativa no pós-pandemia?
O mercado brasileiro passa por uma reacomodação depois de um forte crescimento impulsionado pela pandemia. Os números indicam que o consumo atingiu um novo patamar – ao redor de 500 milhões de litros, ou o equivalente a 660 milhões de garrafas de vinhos e espumantes por ano, com mais de 40 milhões de consumidores regulares no país. O pós pandemia traz novos desafios para o vinho que volta a disputar espaço com outras bebidas e gastos discricionários. A bebida ampliou a sua presença nos lares e bares do país, mas há muito espaço por conquistar. A pandemia foi um marco para o vinho no Brasil, mas transformações mais duradouras devem levar mais tempo para se concretizar.
2) O que falta para o crescimento do mercado brasileiro de vinhos?
Muito se fala do aspecto cultural na disseminação do vinho, mas a principal barreira é econômica. As pesquisas mostram que os brasileiros são bastante abertos à experimentação – 2/3 dos bebedores regulares brasileiros dizem gostar de experimentar novidades versus metade dos norte-americanos. De maneira geral, o vinho tem a simpatia do brasileiro que aprecia bebidas alcoólicas. Precisamos que o produto esteja mais acessível a todos – e isso passa por uma redução do custo de produção, facilidade de distribuição e menor carga tributária. O crescimento do consumo virá como consequência.
3) O que poderia ser feito para descomplicar o vinho no Brasil?
Aprecie sem complicar! A complexidade faz parte da essência e beleza dessa bebida milenar. Poucos produtos oferecem uma variedade tão vasta de origens, uvas e estilos como o vinho. Mas acho que isso não impede que o vinho possa ser apreciado amplamente sem ter que ser compreendido. Não é preciso conhecer de vinho pra gostar de vinho. Dito isso, a maneira de torná-lo mais próximo do brasileiro é melhorar a acessibilidade – vinho no boteco, por que não?, na sua forma de consumir – vinho em copo de vidro, por que não? e na facilidade de abrir – vinho em garrafa de rosca ou lata, por que não? Em suma: WINE NOT?