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Na França, safra 2024 enfrenta desafios climáticos

A região francesa do Jura, famosa por seus vinhos naturais e de baixa intervenção, enfrentou um ano desafiador. A colheita das uvas foi severamente afetada por geadas e granizos, além de doenças fúngicas como o míldio, devido ao excesso de umidade

Na França, safra 2024 enfrenta desafios climáticos

Dependendo da sub-região e da orientação dos vinhedos, alguns produtores perderam toda a produção”, relata Fanny Breiul, representante de várias vinícolas na França e Itália. Apesar da perda de rendimento, os produtores que conseguiram produzir, esperam uma qualidade muito boa dos vinhos, com equilíbrio, boa concentração e complexidade.


No Vale do Loire, Jérémie Batard, do Domaine Batard & Langelier, descreve um inverno moderado e úmido, que acelerou a brotação das vinhas. As chuvas abundantes no outono e inverno ajudaram a repor as reservas de água, mas o desenvolvimento vegetativo foi lento devido às temperaturas frescas. Felizmente, a área de Jérémie não sofreu com granizo ou geada e a floração foi boa, ao contrário de seus vizinhos.


No entanto, a primavera trouxe temperaturas frias, resultando em “filage” (desenvolvimento de gavinhas), mesmo em vinhas de 60 anos, reduzindo a colheita. A “filage” ocorre quando as inflorescências param de se desenvolver devido ao frio e produzem gavinhas ramificadas que não geram frutos.

No verão, apesar do vigor das vinhas, o míldio permanece latente, exigindo monitoramento constante. Este ano, os tratamentos com cobre foram reforçados com óleos essenciais de casca de laranja ou cálcio, para aumentar a eficácia e secar o fungo. A vinícola mantém práticas orgânicas no manejo dos vinhedos.


Uvas atacadas por fungos

Não somente na região do Jura, mas na França em geral a temporada vitivinícola foi particularmente difícil, com geadas e tempestades de granizo que causaram estragos em regiões importantes como Cahors, Loire, Jura, Bergerac e Chablis. Apesar das perdas significativas, os vinicultores locais, adeptos de métodos sustentáveis, conseguiram preservar a qualidade dos vinhos.

Indicação de leitura

Para os entusiastas de vinhos naturais, Alice Feiring oferece uma leitura interessante em seu livro “Natural Wine for the People”. Feiring explora o mundo dos vinhos naturais, biodinâmicos e orgânicos, destacando a popularidade crescente desses vinhos que priorizam a mínima intervenção e a ausência de aditivos. Ela menciona produtores renomados como Domaine de L’Ecu, no Vale do Loire, e Foradori, no Trentino Alto-Adige e oferece um guia acessível para encontrar e apreciar esses vinhos únicos.

Por: Rafaela Figueiredo


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