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Douro – Um poema geológico. A beleza absoluta

Com mais de 47 mil hectares de vinhas e, desse 2001 considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, a região do Douro é a mais antiga região vitivinícola demarcada do mundo, onde se faz vinhos há mais de 2.000 anos, desde os tempos da ocupação romana

Douro – Um poema geológico. A beleza absoluta

“O Douro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso da natureza. Socalcos que são passadas de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis da visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta.”
Miguel Torga


Assim descreveu emocionadamente o Douro Adolfo Correia da Rocha, conhecido pelo pseudônimo Miguel Torga (1907-1995), um dos mais influentes escritores portugueses do século 20. Poeta, contista e memorialista, escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.

Situada no nordeste de Portugal, é a mais produtiva região vitivinícola portuguesa, com cerca de 200 milhões de litros por ano, seguido pelo Alentejo, que produz algo próximo à metade deste volume. Durante muito tempo, os viticultores do Douro se deram por satisfeitos em produzir o célebre vinho do Porto – lá chamado de vinho fino ou vinho generoso, mas com o tempo foram despertando para o enorme potencial de tintos e brancos de qualidade, que muitos produtores locais sempre fizeram para consumo próprio. Ainda hoje, mais de 50% de toda a produção de uvas da região é destinada ao Vinho do Porto, cujo consumo mundial cresce há mais de três décadas.


O Rio Douro (acima) é o segundo mais longo da Península Ibérica. Ele percorre 927 km desde sua nascente, na Espanha, até a foz, no Porto, frente ao Atlântico, entre as cidades do Porto e Vila Nova de Gaia, após percorrer 213 km em território português. Do Alto de São Leonardo da Galafura, um mirante de onde se tem uma visão dramaticamente ampla da região, vê-se a perder de vista as encostas inclinadas e desenhadas com os famosos socalcos – terraços esculpidos no terreno inclinado, onde são cultivadas as videiras. Lá do alto fica mais fácil entender a motivação do poeta Miguel Torga. O Douro é considerado uma das regiões do mundo onde a intervenção humana melhorou a paisagem.


Versátil, o CEVÊR RESERVA DOURO BRANCO D.O.C. 2020 combinou perfeitamente com o frescor e delicadeza do Sashimi de Robalo (esquerda), bem como o leve Ravioli di Mozarela de Búfala
com Espinafre e Amêndoas Tostadas (direita).

Geologicamente, o Douro é uma porção de terreno xistoso – altamente propício à produção de bons vinhos, cercado de terrenos graníticos, estes, por sua vez, menos nobres. A cultura das vinhas na região perde-se no tempo. No século 12, a partir da independência de Portugal, inicia-se o desenvolvimento formal da viticultura no Vale do Douro e também as exportações. Muitas das mais famosas propriedades do Douro, as chamadas “Quintas”, reúnem-se à volta da cidade de Pinhão, no centro da região dourense e respondem por quase 40% da produção de Vinho do Porto.


Portugal é um país de muitas castas autóctones (nativas). No Douro destacam-se principalmente as variedades tintas Touriga Nacional, Touriga Franca, Touriga Francesa, Tinta Roriz, Tinta Cão, Tinta Barroca e Tinta Amarela. Entre as brancas, brilham Alvarinho, Loureiro, Moscatel do Douro, Cercial, Antão Vaz, Encruzado e Fernão Pires, para mencionar algumas.


O CEVÊR DOURO TINTO D.O.C. 2019, elaborado com as variedades Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, de cor rubi suave, notas de frutas vermelhas, baunilha e chocolate, acompanhou muito bem o saboroso cuscuz de bacalhau

A combinação do clima, das temperaturas e das características do solo favorecem a produção de tintos robustos e com ótimo potencial de guarda. Seus brancos podem ser opulentos, ricos e de grande complexidade aromática e gustativa e também com notável potencial de guarda.


Ancorados abaixo da famosa Ponte da Arrábida, às margens do Rio Douro na Vila Nova de Gaia, estão os Rabelos (acima), os clássicos barcos que, durante séculos, foram utilizados para transportar o Vinho do Porto desde a sua região de origem, até as casas tradicionais de comércio

A linda e histórica cidade do Porto é a base para as visitas ao Douro, e onde vale a pena permanecer pelo menos dois dias.  O centro antigo, com seu casario histórico revestido de azulejos portugueses, os restaurantes que servem a deliciosa e farta comida portuguesa e as adegas onde se paga pouco por vinhos excelentes de uma infinidade de produtores. O Porto situa-se juntamente à foz do Rio Douro, que lá deságua no Oceano, bem diante da cidade.

Confira aqui os vinhos da Quinta de Cevêr




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